sábado, 24 de novembro de 2007

FINAL T (DE TRISTE)


TALITA SE TORNOU UMA PROSTITUTA VICIADA E MORAVA COM UM CAFETÃO QUE A AGREDIA. ELA NÃO SUPEROU A DOR DO ENIGMA QUE ERA SEU PASSADO E NÃO DESVENDOU NADA POR CAUSA DO SEU DESEQUILÍBRIO E DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA. ELA ABORTOU TRÊS VEZES E PEGOU UMA INFECÇÃO. JÁ NÃO PODIA MAIS TER FILHOS. FOI PRESA POR CONTA DA PROSTITUIÇAO E DAS DROGAS. AO SE LIBERTAR DA PRISÃO, TALITA NÃO SABIA FAZER MAIS NADA A NÃO SER SE DROGAR E SE PROSTITUIR PARA GANHAR A VIDA. O CAFETÃO FORA ASSASSINADO E ELA MOROU NUMA CASA DE MASSAGEM ATÉ CONTRAIR O HIV. COM O AVANÇO DA DOENÇA E A FALTA DE CUIDADOS, FOI PARA O HOSPITAL OSWALDO CRUZ E LÁ DEFINHOU ATÉ A MORTE POR FALTA DE REMÉDIOS E CURA.

FINAL F (DE FELIZ)


O TEMPO PASSOU E DEPOIS DE TANTO SOFRIMENTO E SEM ESPERANÇAS, TALITA CONHECEU ALGUÉM QUE, COMO ELA SE VENDIA. UM DESSES CLIENTES SE APAIXONOU POR ELA E COM ELE, TALITA CONHECEU O AMOR. ESTE SENTIMENTO A SALVOU. UM HOMEM QUE FOI UM PROTETOR E A RESGUARDOU DE TODO O MAL E ENTERROU O SEU PASSADO. ELE A TOMOU COMO SUA ESPOSA, E TALITA SE DEIXOU SER AMADA DE UMA FORMA SUBLIME E INCONDICIONAL. ELE ENSINOU MUITAS COISAS A ELA, PRINCIPALMENTE A SE ESTRUTURAR E SE FORTALECER. ELE SE TORNOU SEU ESCUDO. ELA NÃO MONTOU O QUEBRA-CABEÇA DE SUA VIDA, MAS COMEÇOU OUTRA COM SEU ESPOSO E FILHOS. ELA FORMOU UMA FAMÍLIA E DEU A ELES TUDO O QUE SONHARA EM TER DE SEUS PAIS.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Sem rumo


Veio o choque, a decepção, a maior decepção de sua vida... crescera feliz, acreditando ser filha de Graça. Talita não parava de pensar... os pensamentos confusos, as emoções descontroladas...: " Então quem sou? Quem é ela? Quem é a minha mãe? Me sinto um nada, agora tudo é uma poeira, um vento.".Permaneceu imóvel, inerte... pensou que poderia morrer também, pois a descoberta era um fardo pesado demais para carregar. Mas arrastou-se para a vida, que agora lhe parecia sem sentido. A descoberta deixara Talita atordoada. Passara pela perda da mãe – que mãe? Quem era, afinal, essa Graça? – e perdera-se. Não sabia como recomeçar sua vida. Não tem começo, sua história. Não tem meio. Como descobrir a verdade? Como recomeçar? Talita decide sair com umas amigas e bebe até não suportar mais. Sua intenção era beber até morrer, só que para sua infelicidade, não morre. As amigas de Talita a apresentam a uns rapazes que lhe oferecem drogas. Talita aceita sem nem pensar e acaba gostando. Gostando tanto, que não sente mais nada, poderiam lhe quebrar um braço que ela não se incomodaria. Então, todas as vezes que podia e até em que não podia ela fugia da vida, da realidade. Continuava a beber e a se drogar. Quando o dinheiro que usava para se entorpecer, com bebida ou com drogas, começou a lhe faltar, começou a fzer sexo em troca do dinheiro. Pois não queria estar sóbria, para não ter que enfrentar a realidade. A vontade de viver estava tão diminuída que Talita chegou a pensar em suicídio, deixar de existir.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Caixa Proibida

Era madrugada fria e úmida, um vulto apressado percorria a longa avenida. Carregava um embrulho, uma trouxa de roupas, talvez. Olhava para as casas, demorava-se em pensamentos. Por fim, depois de analisar um bom tempo a casa de belos jardins, arrumou o embrulho num cantinho. O dia amanheceu sem que ninguém percebesse o embrulho ali, largado à própria sorte.
Na verdade, a casa está vazia. Viajam os donos há longo tempo. Apenas uma empregada freqüenta o lugar. Ao chegar para trabalhar, ela se depara com o embrulho e, inicialmente, pensa ser lixo. Mas, ao chegar mais perto, ouve um choro de criança. Apressa-se, então a desfazer o embrulho, desvendar o mistério do choro: é uma linda menina. Morena de cabelinhos pretos espalhados pela cabeça pequena. Em meio aos panos que a protegiam, l nada ale de uma certidão de nascimento, onde se vê o nome da pequena. Talita.
Talita cresceu como filha da empregada, porém tinha quase tudo que almejava. A empregada era uma senhora chamada Graça que há muito perdera o marido. Talita sempre perguntava como era o seu pai e o que tinha acontecido e sua mãe rapidamente desconversava afirmando que seu pai fora um homem muito bom e que havia morrido honestamente.
O tempo se passou e Talita foi crescendo, até que a família começou a passar por um momento de demasiada dor. O filho mais velho de Graça morrera e Talita, que via a figura do pai nele, sofreu muito e Graça mais ainda, pois agora só lhe restara uma filha. Depois de todo esse sofrimento, Talita começou a se responsabilizar por tudo que acontecia em sua casa, pois sua mãe, já não tão jovem, não tinha condições de fazer as coisas. Passou-se um tempo e a mãe de Talita morreu, pois não conseguiu superar a dor e o sofrimento de perder seu filho.. Talita ficou sozinha novamente. Sem parente algum, ela precisou resolver a questão do enterro de sua mãe e se viu obrigada a procurar uma série de documentos. Era preciso remexer numa papelada velha, antiga, que sua mãe escondia como se fosse um verdadeiro tesouro. Foi necessário um dia inteiro para achar a caixa proibida. Na verdade, não era proibida... mas toda vez que Talita havia se aproximado da caixa, Graça sempre reagia com uma fúria inesperada. Certa vez, chegou a arrancar a caixa das mãos da filha, que nunca conseguia entender tais reações. Então a caixa ficou sendo “proibida” para Talita. Agora, a caixa estava em suas mãos e sua mãe não estava por perto para se zangar. Era estranho saber que Graça não gritaria para ela largar a caixa... que não haveria ninguém reclamando por ela estar segurando a caixa e prestes a revirar-lhe toda a papelada. Sentou-se sobre o colchão macio da cama da mãe e acariciou a tampa. Não sabia exatamente o porquê... mas seu coração batia descompassado e suas mãos tremiam. Sentia-se uma criança planejando uma grande travessura. Por fim, levantou a tampa lentamente. E pode ver fitas de cetim amareladas... flores ressecadas num saquinho... fotos... muitas fotos... e papéis ... de todo tipo e tamanho. Ficou pensativa e chorou de saudade... por que sua mãe havia guardado aquela flor murcha num saquinho transparente? Nunca saberia... Depois do choro, concentrou-se em sua missão. Havia uma lista de documentos necessários para as providências burocráticas e só ela poderia dar conta disso. Eram papéis de toda uma vida... Um em especial chamou sua atenção. Estava cuidadosamente dobrado, dentro de um envelope de papel duro; a aba encaixada por dentro fechando bem. Desdobrou o papel e viu... viu sem entender... uma certidão de nascimento... que tinha o registro de seu nascimento – estava lá o nome Talita... mas o nome da mãe... não era Graça... não havia nome do pai... Um turbilhão de sentimentos afogou Talita em lágrimas... não conseguia entender o que estava acontecendo. Por que, afinal, ela teria duas certidões de nascimento? Por que aquele documento? A verdade estava ali, óbvia à sua frente, mas Talita demorou a perceber... Graça sempre escondera a verdadeira história da menina... agora, o destino havia se encarregado de juntar os pedaços deste quebra-cabeça.